CML EDUCACIONAL
Curso de Pós-Graduação
Lato – Sensu
EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
São
Paulo
2012
Educação Psicomotora
Abrange
todas as aprendizagens da criança, processando-se por etapas progressivas e
especificas conforme o desenvolvimento geral de cada indivíduo.realiza-se em
todos os momentos da vida por meio de percepções vivenciadas ,como uma
intervenção direta nos aspectos cognitivo, motor e emocional, estruturando o
indivíduo como um todo.A educação passa pela facilitação das condições naturais
e prevenção de distúrbios corporais. Ela se realiza na escola, na família e no meio social, com a participação de
educadores, dos pais e dos professores em geral ( professores de natação, de
atividades aquáticas , judô, balé, ginástica, dança, arte-educadores,
magistério etc.). Dirige-se prioritariamente às crianças em condições enfatizam
essa área de atuação.
Le Boulch (1981) comenta que a
“educação psicomotora deve
ser considerada como uma educação de base na escola elementar, ponto de partida
de todas as aprendizagens pré-escolares e escolares.”Ele lutou e
conquistou, na década de 60, a
inclusão da educação psicomotora nos cursos primários da França.
Vayer(1969)
coloca que
Do ponto de vista educativo,
o papel e lugar da educação psicomotora na educação geral corresponderá,
naturalmente, às diferentes etapas do desenvolvimento da criança, e assim
entendemos que: no curso da primeira infância, toda educação é educação
psicomotora; no curso da segunda infância, a educação psicomotora permanece
sendo o núcleo fundamental de uma ação educativa que começa a diferenciar-se em
atividades de expressão, organização das relações lógicas e as necessárias aprendizagens
de leitura-escrita-ditado; no curso da “grande infância “, a diferenciação
entre as atividades educativas se faz mais acentuadamente, e a educação
psicomotora mantém então a relação entre as diversas atividades que concorrem
simultaneamente ao desenvolvimento de todos os aspectos da personalidade.
Lapierre (1989) coloca que a educação psicomotora “ é uma ação
psicopedagógica que utiliza os meios de
educação física , com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento do
indivíduo”.
Picq-Vayer (1969) sugerem
que se investiguem as técnicas mais eficazes para obter uma melhora progressiva
no comportamento geral da criança.
E Bueno (1998, p.84)
completa dizendo:
A
consciência do corpo, o domínio do
equilíbrio , o controle e mais tarde a eficácia das diversas coordenações
gerais e segmentares, a organização do esquema corporal, a orientação no espaço
e, finalmente, melhores possibilidades de adaptação ao mundo exterior são os
principais motivos da educação
psicomotriz.
A vertente denominada Educação
Psicomotora tem por finalidade promover, através de uma ação pedagógica, o
desenvolvimento de todas potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio
biopsicossocial (NEGRINE, 1986).
Le Boulch (1982 apud NEGRINE, 1986)
explica que a Educação Psicomotora é formadora de uma base indispensável a toda
criança, pois tem como
objetivo assegurar o desenvolvimento funcional, levando em conta as
possibilidades da criança, possibilitando, também, através das relações
interpessoais, a expansão e o equilíbrio de sua afetividade.
Para Falkenbach (2002), a finalidade da
prática da educação psicomotora é.
- 1º) promover um meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por intermédio do jogo e do exercício, devendo possibilitar às crianças a exploração corporal diversa do espaço, dos objetos e dos materiais;
- 2º) facilitar a comunicação das crianças por intermédio da expressividade motriz;
- 3º) potencializar as atividades grupais e favorecer a liberação das emoções e conflitos por intermédio do vivenciamento simbólico.
A Educação Psicomotora atualmente se
divide em dois eixos: a Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade
Relacional. Negrine define o aspecto que diferencia as duas práticas,
elucidando-nos que “(...) o ponto fundamental da passagem da psicomotricidade
funcional à relacional é a utilização do jogo (brincar da criança) como
elemento pedagógico” (1995, p. 74).
Psicomotricidade
Funcional
Para
Negrine (2002), a psicomotricidade funcional compreende o desenvolvimento
psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional, tendo como
base concepções sobre a motricidade que acreditam que o processo de
desenvolvimento humano é decorrente dos processos de maturação.
As capacidades e habilidades motrizes
seguiriam um padrão evolutivo igual em todas as pessoas e poderiam ser
avaliadas através de exercícios-testes padronizados para as diferentes idades.
Variáveis como sexo, fatores culturais, experiências vivenciadas, não eram
levadas em conta. Na
avaliação do perfil psicomotor da criança algumas variáveis eram analisadas,
como por exemplo equilíbrio estático e dinâmico, coordenação apendicular,
coordenação visomanual (movimentos finos e delicados), sincinesias, paratonias,
lateralidade e orientação espacial (NEGRINE, 2002).
Este mesmo autor explica que a
psicomotricidade funcional se sustenta em diagnósticos do perfil psicomotriz e
na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do
desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de
exercícios funcionais, que são estereótipos criados e classificados
constituindo as famílias de exercícios: exercícios de equilíbrios estáticos e
dinâmicos, exercícios de coordenação, exercícios de flexibilidade, e exercícios
de agilidade e destreza.
Dentro
deste eixo da psicomotricidade educativa, Langlade (1974 apud NEGRINE, 2002) afirma que a educação
psicomotriz é uma ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da
Educação Física com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento da
criança.
Picq e Vayer (1985) explicam que, após
a análise dos problemas encontrados, a psicomotricidade funcional tem a finalidade de educar
sistematicamente as diferentes condutas motoras, permitindo assim uma maior
integração escolar e social.
Em suas primeiras obras sobre a psicomotricidade
funcional, Aucouturier e Lapierre colocam que a “(...) organização espaço
gráfica, necessária para a aquisição da leitura e da escrita, necessitava da
prévia organização do espaço de modo geral e inicialmente corporal” (1985a,
p.09), com isso determinam como objeto de sua prática, crianças com algum grau
de dificuldade de aprendizagem (disléxicos, disgráficos, agitados), traçando o
perfil psicomotor da criança e depois apresentando tabelas de exercícios com o
objetivo de sanar os problemas.
Negrine teve sua formação inicial na
psicomotricidade funcional. Seus estudos e o desenvolvimento das sessões de
psicomotricidade eram destinados a crianças que apresentavam problemas de
aprendizagem, mais especificamente na leitura, na escrita e no cálculo matemático.
Este método se sustenta no discurso de que o desenvolvimento de certas
habilidades motrizes permite a melhora do desempenho nas aprendizagens
cognitivas (NEGRINE, 1986).
O desenvolvimento da sessão de
psicomotricidade funcional é estruturado de forma que o aluno imite os modelos
de exercícios pré-programados, que são propostos pelo professor “(...) a
criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem realizar os exercícios que
são propostos” (NEGRINE, 2002, p.117). O professor utiliza-se de métodos
diretivos, tornando seu aluno dependente de suas ações, não dando espaço para
que a criança realize atividades que permitam explorar o mundo simbólico,
impedindo a exteriorização de sua expressividade motriz.
Em relação aos métodos diretivos,
Negrine (2002) chama a atenção para o fato de que estes estão relacionados a
estratégias pedagógicas voltadas à correção. O gesto motriz que não é realizado
conforme a solicitação do professor é considerado errado. Deste modo, criam-se
inibições e resistências de exteriorização corporal, e, devido a isso, a
avaliação se torna uma ação puramente quantitativa, só valorizando a correta
execução dos exercícios propostos.
A relação que o psicomotricista
funcional tem com a criança é uma relação de comando “(...) é uma intervenção
no corpo de forma mecânica” (NEGRINE, 1995, p. 56), e o contato corporal entre
eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no exercício
proposto.
É importante salientar que existem
vários autores que estudam e aplicam a psicomotricidade funcional, tais como:
Le Boulch, Picq, Vayer, mas neste estudo me detive aos que considero
principais.
Este eixo da educação psicomotora é
seguido por muitos professores de Educação Física, mas o desenvolvimento dessa
prática se assemelha muito a forma tradicional de uma aula de ginástica.
Psicomotricidade
Relacional
A psicomotricidade relacional é uma
abordagem psicopedagógica que se dá pela via corporal, englobando uma série de
estratégias de intervenções e de ações pedagógicas que servem como meio de
ajuda à evolução dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança.
Ela compreende que o desenvolvimento humano é decorrente da inter-relação entre
fatores internos, que correspondem aos processos biológicos, e fatores externos
que dizem respeito ao processo de aprendizagem que se origina nos aspectos
histórico-culturais (NEGRINE, 2002).
Este mesmo autor explica que a
psicomotricidade relacional utiliza-se da ação do brincar como elemento
motivador para provocar a exteriorização corporal da criança, pois entende que
a ação de brincar impulsiona processos de desenvolvimento e de aprendizagem.
Essas estratégias de intervenções pedagógicas criam, também, condições
favoráveis para a construção de um vocabulário psicomotor amplo e diversificado
e servem como meio de melhora das relações da criança com o adulto, com os
iguais, com os objetos e consigo mesma.
A utilização de métodos não-diretivos
permite que a criança manifeste todo seu interesse, atitudes e valores que
retratam as emoções e os sentimentos de cada momento vivido. Estes métodos
também permitem que o psicomotricista faça interpretações significativas das
ações que a criança experimenta quando se exterioriza, seja através da mímica,
dos gestos ou das produções plásticas. Para isso é necessário que tenha uma
atenção maior, pois deve observar e identificar as crianças que mais necessitam
de seu auxílio (NEGRINE, 2002).
Na forma de pensar de Negrine (2002), a
psicomotricidade relacional está alicerçada em três aspectos, que determinam suas
finalidades. O primeiro diz respeito à experimentação corporal múltipla e
variada, no qual o psicomotricista deve permitir, facilitar e provocar a
criança à experimentação de diversos movimentos com o próprio corpo, com
objetos ou com disfarces.
O segundo aspecto é o estímulo à
vivência simbólica, isto é, permitir que a criança realize atividades
representativas. Com a realização destas ações corporais (movimentos, gestos,
mímicas) a criança constrói o conhecimento das coisas e do mundo, amplia seu vocabulário
psicomotor, aciona mecanismos de pensamento representativo. Este, por sua vez,
aciona a fala egocêntrica, exercitando a comunicação oral.
O terceiro aspecto se refere à
comunicação como elemento de intervenção pedagógica, de socialização e de exteriorização
da criança. Isto quer dizer que a comunicação expressa de diferentes formas -
verbal, plástica, pictórica - serve como instrumental que o psicomotricista
utiliza para fazer a criança evoluir.
No que diz respeito à relação
adulto/criança, é fundamental que o psicomotricista ajude a criança a realizar
tudo aquilo que ainda não é capaz de realizar sozinha; é necessário que ele
exerça um papel de mediador, seja para provocara sua exteriorização, seja para
dar segurança, seja para determinar limites à criança. Na relação do
psicomotricista relacional com a criança, o toque corporal é um forte aliado,
pois com ele vínculos afetivos são estabelecidos, dando segurança e ajuda à
criança. “O papel do psicomotricista relacional é sempre de ajuda, entretanto ele
também interage, sugere, propõe, estimula e escuta a criança” (NEGRINE, 2002,
p.124).
Segundo Negrine (2002), a sessão de
psicomotricidade relacional segue uma rotina que se divide em três momentos:
1º) ritual de entrada; 2º) atividades livres de expressão, construção e
comunicação e 3º) ritual de saída, pois todo o ato pedagógico deve ter início,
meio e fim.
No ritual de entrada, o professor e as
crianças sentam-se em círculo, se apresentam de forma que todos possam falar e
ser escutados estabelecendo as combinações (regras de convivência) referentes
àquela sessão, cabe ao psicomotricista neste momento provocar as crianças a
realizarem diversas experimentações.
A segunda parte da sessão é destinada à
realização de atividades livres de expressão, construção e comunicação. No
início se dá um estímulo às crianças e depois elas passam a brincar com o que
quiserem. É importante que o psicomotricista permita a experimentação de
diversas atividades e que exija o cumprimento das regras de convivência
estabelecidas no ritual de entrada.
O ritual de saída é o momento em que o
psicomotricista diz que o jogo acabou. Com isso as crianças devem interromper
as brincadeiras e devem ajudar a guardar o material que foi utilizado na
sessão, pois isto havia sido combinado no ritual de entrada. Após terem
guardado todos os materiais, se dá início ao encerramento da sessão. Todos
devem sentar novamente em círculo e o psicomotricista deverá provocar a
verbalização das crianças ao grande grupo sobre aquilo que realizaram durante a
sessão e sobre o que mais gostaram de fazer, sempre lembrando que todos terão a
oportunidade de falar e ser escutados.
É importante ressaltar que existem
nuances dentro da psicomotricidade relacional, e que autores que tiveram a
mesma formação inicial, no decorrer de seus estudos acabam, seguindo linhas
diferentes, como por exemplo: Aucouturier, Lapierre e Negrine.
Aucouturier determina que, na sessão, o
jogo de pulsão (jogo sensório-motor – classificação de Piaget)deve ser
potencializado, e a prática da psicomotricidade tem sua função até os oito
anos, por outro lado Lapierre entende que o jogo simbólico é que deve ser
potencializado, e que a psicomotricidade deve se aplicar às crianças, aos
adolescentes e também aos adultos (NEGRINE, 1995).
Uma característica importante a
respeito da psicomotricidade relacional de Aucouturier, que é seguida por
diversos psicomotricistas, é que a organização da sessão segue uma seqüência
temporal, isto é, a criança deve seguir uma determinada ordem para executar os
jogos: momento inicial ou ritual de entrada; jogos de segurança profunda, jogos
de prazer sensório-motor; jogos simbólicos; narração de história, atividades de
representação e momento final ou ritual de saída (MARTÍNEZ, PEÑALVER e
SANCHEZ,2003).
Outro aspecto importante a ressaltar,
que é bem diferente do contexto escolar brasileiro, é que a sessão é realizada
somente em ambientes fechados (sala de psicomotricidade) que possuem materiais
fixos (escadas, barra de equilíbrio, tatames) e diversos materiais complementares
(blocos de espuma, aros, bola grande bichos de pelúcia, cordas, fantasias).
Estes ambientes possuem também mesa com cadeiras e material audiovisual e
musical, e o grupo de crianças é em número bem reduzido (MARTÍNEZ, PEÑALVER e
SANCHEZ,2003).
Os estudos iniciais de Negrine
estiveram voltados à prática da psicomotricidade funcional. Sua formação na
Escola de Expressão e Psicomotricidade da Prefeitura de Barcelona seguiam as
orientações de Bernard Aucouturier, mas a linha pedagógica que ele segue no momento
atual está configurada dentro de uma perspectiva relacional (NEGRINE, 2002).
Um aspecto importante a destacar é que
a psicomotricidade relacional desenvolvida por Negrine se diferencia das demais
práticas devido a fatores que são bem referenciados por Falkenbach (2002, p.
76):
a) o autor se diferencia da maioria dos
psicomotricistas pela sua fundamentação teórica que reconhece as diferentes
vertentes da psicomotricidade e os seus principais autores, bem como as
limitações e as vantagens das práticas que utilizam;
b) oxigena o referencial teórico da
psicomotricidade com elementos da antropologia, da psicopedagogia que
contribuem à tradicional visão psicanalista, que ainda é hegemônica e a
enriquecem;
c) inova com a utilização dos
referencias teóricos de Vygotsky, teórico que contribui para uma mudança na
compreensão psicopedagógica do desenvolvimento e aprendizagem infantil, bem
como do significado dos jogos para a prática da psicomotricidade;
d) estabelece um divisor de águas para
a leitura do movimento que faz a criança. Explica que em um ambiente lúdico a
criança faz uma trajetória denominada de trajetória lúdica e seu
movimento flutua entre; a) ser um movimento técnico, o que significa fazer
exercícios; b) brincar de faz-de-conta, isto é, jogar simbolicamente;
e) desenvolve e estrutura a organização
da prática psicomotriz educativa com grupos de crianças, adequadas para o
ensino regular e os diversos contextos que promovem a movimentação infantil.
Este eixo da psicomotricidade educativa
é multifacetado, cabendo ao professor de Educação definir qual será sua proposta de trabalho,
traçando objetivos e tendo como base concepções sobre o desenvolvimento e
aprendizagem infantil.
Educação Psicomotora
funcional e relacional
Na educação psicomotora funcional, o
adulto exerce uma relação de comando com a criança, raramente ocorrem contatos
corporais. A criança deve seguir os modelos que são propostos pelo professor,
caso não consiga, os erros são corrigidos. O professor utiliza-se de métodos
diretivos para a realização das atividades que são pré-programadas, e a sessão
é destinada a grupos de crianças.
Já na educação psicomotora relacional,
a relação que o professor exerce com a criança, é de ajuda, de escuta, de
mediação, de interação e de provocação a novos desafios, ocorre o contato
corporal entre ele e as crianças, e entre elas mesmas.
A sessão de psicomotricidade relacional
é destinada a grupos de crianças e divide-se em três fases: 1º) ritual de
entrada, 2º) atividades livres de expressão, construção e comunicação e 3º)
ritual de saída. O professor utiliza-se de métodos não diretivos para a
realização de sua prática, na sua avaliação não mede e nem compara uma criança
com a outra, ou seja, não emite juízo de valor.
O quadro abaixo tem como objetivo
mostrar de uma forma didática a descrição e a categorização das duas vertentes
da psicomotricidade aqui citadas
EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
FUNCIONAL
|
EDUCAÇÃO
PSICOMOTORA
RELACIONAL
|
|
Sanar problemas motores, melhorar as
aprendizagens cognitivas e o comportamento da criança.
|
Desenvolver as potencialidades
relacionais da criança utilizando a ação do brincar
|
A educação psicomotora deve ser uma formação
de base indispensável para toda criança, pois oferece uma melhor capacitação ao
aluno para uma maior assimilação das aprendizagens escolares. Um bom
desenvolvimento psicomotor proporciona ao aluno algumas capacidades básicas
para um bom desempenho escolar.
Funcionamento
do Desenvolvimento Psicomotor
Para que
possamos compreender melhor a importância da psicomotricidade no desempenho
escolar das crianças, é preciso entender como esse processo acontece.
Sistema
Nervoso:
Oliveira
afirma que o movimento e a integração do homem às condições do meio
ambiente,dependem do sistema nervoso. Esse sistema coordena e controla todas as
atividades do organismo, integra sensações e idéias, interpreta os estímulos
vindos da superfície do corpo, e de todas as funções é selecionar e procurar
informações, canalizando-as para as regiões motoras correspondentes do cérebro,
para que depois sejam emitidas respostas adequadas, de acordo com cada
indivíduo. As células que compõe o sistema nervoso, são os neurônios, que
possuem a função de condutibilidade e excitabilidade.
A maturação nervosa é um dos fatores
relevantes no desenvolvimento mental, sendo importante considerar fatores como
interação do indivíduo com o meio. A psicomotricidade pode auxiliar o aluno a
alcançar um desenvolvimento integral, que o preparará para uma aprendizagem
mais satisfatória. Algumas habilidades são muito importante no desenvolvimento
psicomotor da criança.Essas habilidades permitem, por exemplo, que uma pessoa
manipule objetos da cultura em que vive. Para que essa pessoa se movimente no
espaço com desenvoltura, equilíbrio e coordenação, é preciso ter o domínio do
gesto e do instrumento. A coordenação e o equilíbrio são elementos de base para qualquer movimento.
Desenvolvimento
Psicomotor e a Interação Escolar
Os
argumentos geralmente invocados para justificar a educação psicomotora na
escola primária colocam em evidência a superação de dificuldades escolares.Na
tentativa de uma verdadeira preparação para a vida é que entra o papel da
escola, e os métodos pedagógicos renovados tendem a ajudar as crianças a se
desenvolverem da melhor maneira possível.O desenvolvimento psicomotor auxilia a
criança para a vida, desde a fase escolar até a fase profissional.
As práticas da psicomotricidade geralmente se desenvolvem com
atividades que objetivam movimento, possuindo uma extensa ligação com o
desenvolvimento, aprendizagem e a personalidade da criança.
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e
jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de
ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo,
respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial)
e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação
em todo seu potencial. Trata-se de uma técnica que objetiva ampliar as
possibilidades de maturação e interações da criança, sendo que deve ser
considerada antes de tudo uma experiência ativa de confrontação com o meio
interno e externo. Porque a partir deste contato, irá permitir uma integração
de estímulos deste ambiente, favorecendo o seu ajustamento com outras crianças.
Isto poderá ser possível também através de jogos, atividades lúdicas, motoras,
fontes de prazer, e remetendo neste contexto toda uma organização e sua imagem
no corpo, em relação às suas vivencias.
A educação psicomotora é desenvolvida como um elemento preventivo
ou profilático para dificuldades que possam surgir no processo de aprendizagem
escolar ou até mesmo para um trabalho reeducativo futuro, porque é integrante
do desenvolvimento natural da criança. O educador terá então uma função de
grande importância no desenvolvimento da criança. Ele irá acompanhá-la em suas
descobertas, no sentido de suas explorações do meio, podendo até mesmo,
estimular a criança, encorajá-la em seus desafios, favorecendo assim a promoção
do seu desenvolvimento. O educador também pode auxiliar no desbloquear,
desinibir, facilitar o amadurecimento, elevando a uma maior autonomia e
desenvolvimento da criatividade da criança.
Assim a estimulação psicomotora compreende-se por um programa que
envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo da
vida. São atividades que se preocupam e vão ao encontro das condições que o
individuo apresenta. Acima de tudo despertando o corpo e a afetividade por meio
de movimentos e jogos e buscando a harmonia constante. A estimulação
psicomotora tende a ser considerada como uma estimulação essencial à criança e
deve ser realizada nos primeiros anos de vida e entre pais e filhos.
Dentro da educação psicomotora deve-se alcançar três metas
básicas, objetivos:
- A aquisição do domínio corporal: definindo a lateralidade,
a orientação espacial, desenvolvendo a coordenação motora , o equilíbrio e a
flexibilidade.
- Controle da inibição voluntária: melhorando o nível de
abstração, concentração e desenvolvendo as gnosias.
- Desenvolvimento socio-afetivo: reforçando as atitudes de
lealdade, companheirismo e solidariedade.
Vygotsky afirmou que: No início da idade pré-escolar , quando
surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e
permanece ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para a
satisfação imediata desses desejos, o comportamento da criança muda. Para
resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo
ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e
esse mundo é o que chamamos de brinquedo. A imaginação é um processo
psicológico novo para a criança. Com todas as funções da consciência, ela surge
originalmente da ação".
O brinquedo é, portanto, o reflexo do inconsciente da criança.
Este também pode ser denominado como fantasmas, ou seja, uma produção
imaginária do inconsciente, capaz de motivar o comportamento cem que o
indivíduo tenha consciência deles.
E através da ação, a criança sai descobrindo suas preferências e
adquirindo a consciência dos esquemas corporais, para isso é necessário que ele
vivencie diversas situações durante o seu desenvolvimento, nunca esquecendo que
a afetividade é a base de todo o processo de desenvolvimento e principalmente
ensino-aprendizagem, que por sua vez é favorecido, se a criança adquire um bom
desenvolvimento de todo seu esquema corporal.
A espontaneidade em que esta criança possa ser submetida , poderá
acarretar possibilidades desde organismo previamente educado em reagir de forma
espontânea a situações de urgência, isto será possível através de suas
vivencias. E Principalmente se esta espontaneidade for desenvolvida no contexto
afetivo, motor, mais tarde irá refletir um organismo capaz de elaborar metas e
estratégias adequadas ao tipo de situação em que este se encontrar e assim
estabelecer suas possibilidades.
Para se realizar uma atividade de educação psicomotora, é
necessário que haja um local apropriado, onde existam vários materiais para
serem utilizados (cordas, bolsa, colchão para saltos, jogos de montar, etc.).
Durante uma atividade devem ser desenvolvidos três momentos distintos:
- Iniciação (entrada): tem como objetivo reunir as crianças para
que se descreva o que vai ocorrer durante a sessão. Este momento é importante
porque permite que criança se identifique verbalmente e respeite o momento de
início da atividade.
- Desenvolvimento do jogo: Nesse momento a criança pode atuar
livremente nos brinquedos (jogando, se expressando, pulando, etc.).
- Termino ou saída: O grupo se reúne novamente para dizer o que fez, ou seja, fazer
um resumo das atividades.
Podemos
utilizar outras maneiras de iniciar e de terminar uma atividade, como por
exemplo: contar histórias, rodas cantadas, jogos e etc. Desta forma, a criança
será estimulada e ficará "atenta" para a atividade proposta. Para a
criança interagir neste processo é necessário que o professor saia de sua
postura e assuma uma postura de observador, para que a partir daí possa
interferir no processo de
desenvolvimento.
È importante ressaltar que a intervenção psicomotora no
desenvolvimento da criança, não se restringe a ser um recurso pedagógico, mas
sim possuir, além disso, toda a estrutura para trabalhar toda e qualquer ação
educativa, que conseqüentemente vai estar intimamente ligado o desenvolvimento
geral da criança tal como sua personalidade. Através do desenvolvimento da
educação psicomotora, é possível explorar as vivências, expressões,
aperfeiçoamento e integração das capacidades sensoriais, perceptivas, motoras,
cognitivas e afetivas da criança, e ainda tende s estimular e enriquecer a sua
relação consigo mesmo e com o mundo esterno e assim perpassar ativamente em sua
própria evolução.
Torna-se um fator primordial no processo de educação psicomotora o
fator social, ou seja, a presença dos pais encontra-se bastante significativo
para um bom desenvolvimento do trabalho do psicomotricista. Pois é através dos
pais que serão buscadas toda a informação necessária para contribuir no
desenvolvimento da criança.
No ensino tradicional é dito que a criança deve estar
biologicamente pronta para a aprendizagem. Isto quer dizer que a criança só
aprende quando amadurece (dentro do enfoque biológico). Esta é uma das grandes
"desculpas" para o fracasso escolar.O auxílio educativo geralmente é
proveniente dos pais e do âmbito escolar, tendo como finalidade mediante as
práticas da psicomotricidade exercer a função de ajustamento da criança seja de
forma individual ou coletiva. Dentro destes aspectos, a Educação Psicomotora
surgi para que haja um melhor desenvolvimento da criança, através da utilização
dos movimentos do corpo.
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Atividades
Complementares
1. A educação psicomotora na primeira
infância visa:
I Compreender a criança em sua evolução psicogenética
II Trabalhar a criança a partir da ação e da criação, objetivando a
vivência corporal em relação aos objetos.
III Ensinar
um repertório de conhecimentos indispensáveis para a vida adulta.
Está(ão)
correta(s) a(s) afirmativa(s):
A) apenas
I e II.
B) todas.
C) apenas
II e III
D)
nenhuma.
E) apenas
I
2. As principais características da educação psicomotora na escola maternal
são (Lapierre, 1986)
A) o
educador faz proposições e avalia a experiência negativa.
B) a
busca das respostas erradas e a sua superação.
C) o
encorajamento do sucesso e a busca pela auto-confiança.
D)
disponibilidade e aceitação das manifestações espontâneas da criança.
E) o
educador busca adaptar a criança aos espaços da escola, ensinando a dominar as
pulsações.
Trabalho
Final
Pesquisa:
Sistematizada por André Lapierre
e seus colaboradores, no final dos anos 70, a Psicomotricidade relacional, método de
abordagem corporal, tem por objetivo recuperar a história corporal-afetiva do
indivíduo. Em seus estudos, Lapierre perseguiu a origem da formação dos
sintomas, ditos psicomotores, concluindo que estes são influenciados pelas
relações tônico-afetivas.O que se compreende como relações tônico-afetivas de
acordo com Lapierre?
Configuração do Trabalho Final de
Módulo
Capa
Contra Capa
Conclusão
Referências Bibliográficas
NOTA: TODO TRABALHO REALIZADO NA
PÓS-GRADUAÇÃO É INDIVIDUAL E COM CONCLUSÃO PESSOAL
UMA EXCELENTE PESQUISA SOBRE AS MUDANÇAS FÍSICAS E PSICOMOTORAS, MERECEDORA DE SER CITADA COMO REFERENCIAL TEÓRICO.
ResponderExcluirTrabalho excelente. Sintetizando a parte estrutural e emocional interpessoal da criança.
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